Os primeiros relatos em fitas K7 e a frustração do resultado do que fora transcrito por parentes e amigos, levou-me à compra um computador. Assim, com o auxilio de uma adaptação moldada em PVC, mergulhei no meu mundo de vv sofridos sentimentos e lembranças que se constituíram o meu primeiro livro a cada teclada.
Foram os seis meses mais difíceis, relembrando os detalhes do acidente, repensando as perdas e as impiedosas mudanças enfrentadas até renascer com um novo olhar sobre a vida e tornar-me um artista plástico.
A primeira edição aconteceu em 1999 como uma produção independente, pela Editora ADOS. Em 2003 passou a ser editado pela Casa Publicadora Brasileira, permitindo-o chegar a todo o Brasil, sendo de início indicado como o livro de leitura dos jovens adventistas em 2005, e posteriormente adotado como livro paradidático em diversas escolas adventistas em todo o Brasil.
Por anos vinha refletindo na necessidade de encontrar uma maneira de dialogar com Deus em busca de uma explicação quanto a primeira dependência da minha vida, isso desde o acampamento jovem com 15 anos. Foi a partir dai que vivenciei um problema neurológico que legou-me a primeira dependência, motivo de uma depressão até os 22 anos.
Agora com uma tetraplegia, não tinha como recorrer às máscaras e fugir da realidade. Sem poder esconder-me, aprendi a falar com os que me cercavam dos meus sentimentos de inferioridade, dos complexos e receio das descriminações. Com isso senti Deus e seu poder transformador ao escrever cada página desse livro que libertou-me dos meus medos infundados. O maior presente, no entanto, surgiu da indicação mais nítida de que a felicidade nesses imprevistos inesperados só são possíveis quando aceitamos que cada mudança em si tem o propósito de encrustar no íntimo de cada ser humano a certeza de que Deus não está indiferente ao que nos ocorre.
Enfim, não sou mais privilegiado por sempre ter desejado servir a Deus. A chuva e o sol atingirá a todos sem distinção. hoje consigo compreender a profunda mensagem que um Profeta de nome Habacuque quis dizer. “…. ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.
Esse certamente resultou no divisor de água de toda a minha vida, pois foi a partir do exercício de aceitação que tive a minha desejada carta de alforria sentimental e espiritual. Assim descobri o caminho da felicidade pela qual sou comprometido incondicionalmente.
Atualmente trabalho na elaboração do terceiro livro, desejando que o compartilhamento seja útil para você como já tem sido em minha vida a mensagem dos livros acima citados.
Até aquele momento estava correndo tudo bem no acampamento jovem, mas eu não imaginava que o mergulho naquela cachoeira mudaria drasticamente a minha vida com a inesperada tetraplegia.
A despeito das adversidades descobri que é possível renascer da dor. Com as devidas adaptações, o que no início era apenas o hobby, transformou-se em uma profissão. Pintar com a boca tornou-me conhecido e levou-me a mundos jamais imaginados.
A perseverança e força de vontade permeiam essa história de superação e motivação para a vida; um testemunho de que a confiança em Deus pode fazer toda a diferença.
O desejo de registrar as realizações de mais uma trajetória exigiu que eu enfrentasse os detalhes deu uma depressão segredada ao longo da minha adolescência e juventude de tribulações e conflitos.
Ao sentir os embates de uma luta vencida, compreendi plenamente que aceitar não era era apenas necessário; sem ela não descobriria o “novo Marcelo”. Aprendi que o que nos parece injusto é para Deus uma ferramenta de sublime valor.
De todas as lições compartilhadas, a maior veio da compreensão e aceitação de que os obstáculos são naturais da vida. “Eles nunca devem ser utilizados para justificar desistências ou fracassos, mas como a alavanca que antecede o sucesso dos vencedores”