Marcelo Cunha

Artista Plástico e Escritor

Estou tetraplégico desde 1991 em função de mergulho em Casemiro de Abreu, Rio de Janeiro. Na época, com 21 anos de idade, estava prestes a me formar em técnico em publicidade e almejava ser um publicitário. Como amante de esportes e aventuras, tinha o sonho viajar pelo mundo de bicicleta.

Depois de meses de internação no Hospital Adventista silvestre, no Rio de Janeiro, onde trabalhava como desenhista, retornei para casa para enfrentar o dilema de uma vida de limitações e falta de perspectiva. Os oito meses de internação na ABBR deu início aos aprendizados primordiais, mas foi em casa, com a ajuda dos meus familiares que me adaptei a nova realidade.

Dos preciosos presentes que ganhei de Deus, o maior foi a descoberta de que as limitações físicas não me impediam de crescer e almejar uma vida melhor. Em 1994 passei a pintar quadros com a boca, tornando-me posteriormente artísta plástico, escritor e palestrante motivacional. 

Desde 2004 passei a integrar a APBP (Associação de Pintores com a Boca e os Pés), quando ocorreu uma crescente divulgação do meu trabalho artístico. Por meio dela, diversos quadros meus foram reproduzidos em calendários e cartões que são comercializados em todo o mundo.  Assim vivo da arte, conquisto o meu espaço, reconhecimento como artista, reinsiro-me dignamente na sociedade e indico possibilidades com o meu viver.

Minha fórmula para ser feliz...

* Fé incondicional em Deus e ajuda da famíliares e amigos.

* Ter paciencia e obstinação para transpor as barreiras emocionais, sociais, físicas e financeiras.

* Crescer com as atividades que Deus me permite desenvolver.

* Ler sempre a Bíblia e outros livros com conteúdos que gerem sentimentos nobres.

* Utilizar devidamente os meus neurônios antes que morram. 

* Ter uma meta e manter o meu foco no que realmente importe.

* Aproveitar o meu tempo e as oportunidades. 

* Evitar todas as reclamações que afastem as pessoas que Deus coloca em meu caminho.  

* Buscar pensamentos e sentimentos edificantes para ter o que oferecer. 

* Aceitar o  que não posso mudar e não medir esforços para realizar tudo que estiver ao meu alcance.

* Nunca creditar a outros os meus fracassos, assumindo-os com maturidade e responsabilidade.

* Nunca deixar de tentar, mesmo diante de possíveis erros ou fracassos.

* Não permitir que os problemas alheios me impeçam de cuidar da minha felicidade. a

Autonomia

Desde o momento que me dei conta do meu grau de limitação, vi na dependência contínua de outros uma das maiores barreiras. Mas felizmente, com os movimentos adquiridos com muita fé e persistência, entendi o quanto poderia lutar pela minha autonomia. Graças a Deus, ter a capacidade de fazer tanta coisa “sozinho”, me  torna cada vez mais disposto para viver e conquistar mais dessa maravilhosa liberdade que deixa a minha auto estima nas alturas. Ao sair sozinho, vejo na dependência de outros uma forma de entender a solidariedade, bem como contribuir para a reflexão de tanta gente que cresce nessa troca necessária.